Caro Dom Fernando,
Sou grato por sua atenção na leitura e resposta ao meu texto. Sinceramente, Sr. Bispo, frustrei-me em aguardar que uma eventual resposta de V. Revma. pudesse avançar o meu esclarecimento sobre a questão. À exaustão de como se encontram nossas ansiedades e angústias para ver resolvido este caso, isto me levaria a aceitar como um bálsamo a lembrança de sentença tão apropriada: “... a verdade vos libertará!” Por que terá V. Revma. ido a tal simplificação? Melhor não seria nos serenar, dizendo-nos: CONHECEREIS A VERDADE E A VERDADE VOS LIBERTARÁ? Exatamente porque, Sr. Bispo, se existe neste caso uma só verdade, e não a verdade de cada um de nós, cabe neste momento ao epíscopo a sua revelação, o caminho do nosso entendimento, nos termos, não do que propus, que outra coisa não é senão o conjunto de indagações que se fazem, diante da perplexidade que nos assaltou, mas do que esperamos da Igreja do Cariri, tão habituada a sentir no vigário do Juazeiro, a presença e a ação de um “servo fiel”. Quem nos fará conhecer esta verdade, se para ela não conhecemos as razões do eclesiástico que não demandaria nenhum conhecimento das razões de Estado? Nesta hora, em que concordamos com sua posição pelo zelo apostólico presente na Diocese, enxergamos que reside aí o ponto crucial. Mas, santa ingenuidade de alguém, esta, a de que uma simples propositura possa vir a iluminar o conhecimento da causa que reclama luzes de direito canônico e direito civil. Estou certo, Sr. Bispo, que nenhum de nós, ao analisar a presença e o seu papel sobre isto, trairia a herança de Mons. Murilo na empatia que se revelou desde a primeira hora, e que, mesmo na leve evidência de raras e pequenas divergências, nunca comprometeria o sentido que damos à pessoa do Diocesano, nem no plano pessoal, muito menos institucionalmente. Tranquilize-se! O Bispo e sua Diocese nunca serão objeto direto de uma destemperança, da nossa leviana intolerância. Razões até houve no passado para que isto gerasse choque, bem o sabeis. Mas, o tempo é o grande senhor da razão que nos amadureceu pelos anos. Bispo e Diocese ainda o serão alvos fáceis destes “interesses escusos”. Não é difícil reconhecer. Triunfará a Verdade, certamente. Mas, não estamos usurpando nada, se reclamamos, enquanto povo de Deus. E aí, sim, perguntas e respostas, dúvidas e esclarecimentos, descrença e fé. Felizmente, Deus – Nosso Senhor, sabe muito bem o que nos une e o que nos divide.
Agradeço-lhe novamente pela generosidade da atenção e dos seus termos. Aguardo que, também, à sombra de frondoso e acolhedor Juazeiro, V. Revma, continue a zelar por estes novos e tortuosos caminhos que se estreitam no Cariri, margeados por toda a sorte de incompreensões.
Com os meus respeitos,
Antonio Renato
segunda-feira, 9 de maio de 2011
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